Publicado em 10/10/2022 às 22h13
Em pouco menos de um ano, o Programa Nacional de Imunizações
(PNI) completa meia década de existência. Considerado uma das políticas
públicas em saúde mais bem-sucedidas do país, o programa, em seus quase 50
anos, foi marcado pela erradicação de doenças como a poliomielite, a rubéola, o
tétano materno e neonatal e a varíola. Ao longo dos últimos anos, entretanto,
algumas doenças voltaram a assustar o país em meio a baixas taxas de vacinação.
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é
uma das que mais preocupam as autoridades sanitárias. Trata-se de uma doença
contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, e
que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes e
secreções eliminadas pela boca de pacientes. Nos casos graves, em que acontecem
as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
Diante das taxas de cobertura vacinal em queda, o Ministério
da Saúde realizou, entre 8 de agosto e 30 de setembro, a Campanha Nacional de
Vacinação contra a Poliomielite. A campanha chegou a ser prorrogada por causa
da baixa adesão. A meta é vacinar 95% de um universo de 14,3 milhões de
crianças menores de 5 anos no Brasil. Atualmente, a taxa de cobertura vacinal
contra a pólio está em torno de 60%.
Transmissão
A transmissão ocorre pelo contato direto com uma pessoa
infectada, pela via fecal-oral (objetos, alimentos e água contaminados com
fezes de pacientes) ou pela via oral-oral (gotículas de secreção ao falar,
tossir ou espirrar. A falta de saneamento, as más condições habitacionais e
hábitos de higiene pessoal precários são fatores que favorecem a transmissão do
poliovírus.
Sintomas
De acordo com o ministério, os sintomas mais frequentes da
doença são febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e dor no corpo,
além de vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na
nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves, instala-se a flacidez muscular
que afeta, em regra, membros inferiores.
Tratamento
Segundo a pasta, não existe tratamento específico para a
pólio. Todos as pessoas infectadas devem ser hospitalizadas e recebem
tratamento para os sintomas manifestados, de acordo com o quadro clínico do
paciente.
Sequelas
As sequelas da doença estão relacionadas com a infecção da
medula e do cérebro pelo poliovírus. Normalmente, são sequelas motoras e que
não têm cura. As principais são: problemas nas articulações; pé torto;
crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das pernas;
paralisia dos músculos da fala e da deglutição; dificuldade para falar; atrofia
muscular e hipersensibilidade ao toque.
Prevenção
O ministério lembra que a vacinação é a única forma de
prevenção da pólio. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser imunizadas
conforme esquema de vacinação de rotina e também por meio das campanhas anuais.
O esquema vacinal consiste em três doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6
meses de vida) e duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, conhecida
como gotinha.
Alerta
Em nota, o ministério destacou que o Brasil é referência
mundial em imunização e conta com um dos maiores programas de vacinação do
mundo. Anualmente, o PNI aplica cerca de 100 milhões de doses de diferentes
vacinas, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade para vacinar
até 1 milhão de pessoas por dia.
“Toda a população com menos de 5 anos precisa ser vacinada
para evitar a reintrodução do vírus que causa a paralisia infantil”, alertou a
pasta.
De acordo com o ministério, doenças já eliminadas graças à
vacinação correm o risco de reintrodução no país devido às baixas coberturas
vacinais, voltando a constituir um problema de saúde pública. "Levem seus
filhos às salas de vacinação", reforçou o ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga, na semana passada.
Principais fatos
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas),
representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, mostram que
uma em cada 200 infecções pelo poliovírus resultam em paralisia irreversível
(geralmente das pernas). Entre as pessoas acometidas pela doença, de 5% a 10%
morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
Segundo a entidade, os casos da doença diminuíram mais de
99% nos últimos anos, passando de 350 mil casos estimados em 1988 para 29 casos
notificados em 2018. A maioria dos casos, atualmente, se concentra no
Afeganistão e no Paquistão, onde a doença é considerada endêmica. Em 2022, dois
casos foram contabilizados em Israel e nos Estados Unidos.
“Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os
países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for
erradicada, podem ocorrer até 200 mil casos no mundo a cada ano, dentro do
período de uma década”, informou a Opas.
O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em
1994. Entretanto, a Opas alerta que, até que a doença seja erradicada no mundo,
há risco de casos importados e, consequentemente, de o vírus voltar a circular
em território brasileiro. “Para evitar isso, é importante manter as taxas de
cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante”, acrescentou.
Fonte: Agência Brasil | Edição: Graça Adjuto
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