Publicado às 22h48
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
(SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para
o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) divulgaram nota no dia 05,
de fevereiro, na qual alertam a população sobre “graves riscos” associados
ao uso de medicamentos injetáveis de origem alternativa ou manipulados para
tratar obesidade e diabetes.
Os medicamentos em questão, conforme as entidades, são
análogos do GLP-1 e GIP, incluindo a semaglutida (Ozempic e Wegovy, da
farmacêutica Novo Nordisk) e a tirzepatida (Mounjaro e Zepbound, do laboratório
Eli Lilly), aprovados por agências reguladoras como a brasileira Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a norte-americana Food and Drug
Administration (FDA, na sigla em inglês).
“Medicamentos biológicos, como a semaglutida e a
tirzepatida, exigem processos rigorosos de fabricação para assegurar que o
organismo utilize e metabolize a substância de forma eficaz e segura. Essas
moléculas são administradas por injeções subcutâneas, o que demanda padrões
rigorosos de esterilidade e estabilidade térmica”, destacou a nota.
O uso de versões alternativas ou manipuladas, segundo as
entidades, figura como “prática crescente, preocupante e perigosa” e carece de
bases científicas e regulatórias que garantam eficácia, segurança, pureza
e estabilidade do produto, “expondo os usuários a sérios riscos à saúde, pois
não passam pelos testes de bioequivalência necessários, impossibilitando prever
seus efeitos no corpo humano”.
“Relatos da FDA documentam problemas graves de
administração em versões alternativas ou manipuladas, com doses superiores ou
inferiores às recomendadas, contaminações e substituição por outros compostos”,
alerta a nota. “A semaglutida e a tirzepatida alternativas ou manipuladas são
frequentemente divulgadas como opções mais acessíveis e igualmente eficazes, o
que é uma falsa promessa.”
Ainda segundo as entidades, a comercialização direta dessas
medicações alternativas ou manipuladas por profissionais de saúde em
consultórios configura prática contrária ao Código de Ética Médica, “ferindo a
confiança da relação médico-paciente”. “Versões vendidas em sites, redes
sociais ou por WhatsApp também aumentam o risco de adulteração, contaminação e
ineficácia por desestabilização térmica”.
Dentre as recomendações que constam na nota estão:
1.
que profissionais de saúde não prescrevam
semaglutida ou tirzepatida alternativas ou manipuladas. “Apenas utilizem
medicamentos aprovados por agências reguladoras, com fabricação industrial
certificada e vendidos em farmácias”;
2.
que pacientes rejeitem tratamentos que incluam
versões alternativas ou manipuladas dessas moléculas – incluindo vendas diretas
em sites, aplicativos ou em consultórios – e busquem alternativas aprovadas
pela Anvisa;
3.
que órgãos reguladores e fiscalizadores, em
especial a Anvisa e os conselhos de medicina, intensifiquem ações de
fiscalização sobre todas as empresas e pessoas envolvidas na prática.
Por fim, as entidades reforçam a importância de seguir
recomendações baseadas na ciência e na ética, priorizando a segurança e o
bem-estar da população. “E reiteram o compromisso social de melhorar o acesso a
medicações seguras e eficazes para tratar a obesidade e o diabetes mellitus,
assim como reivindicam políticas públicas de inclusão e abordagem ampla de
prevenção e tratamento dessas condições”.
Falsificações
Em janeiro de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
chegou a fazer um alerta para a escassez de medicamentos como um problema
global, sobretudo em países de baixa e média renda. Segundo a entidade, desde
setembro de 2021, o número de insumos em falta em dois ou mais países cresceu
101%.
“Essa escassez de medicamentos é uma força motriz
reconhecida para remédios falsificados ou de qualidade inferior e acarreta o
risco de muitos procurarem obter medicamentos por meio de meios não oficiais,
como a internet”, destacou a OMS, em nota.
O comunicado cita especificamente a escassez global,
registrada em 2023, de produtos indicados para o tratamento do diabetes tipo 2
e utilizados também para a perda de peso, como o semaglutida. A substância é o
princípio ativo do Ozempic, caneta de aplicação na pele para controle do
apetite.
Anvisa
Em outubro, a Anvisa recebeu um comunicado da farmacêutica
Novo Nordisk, responsável pela produção do Ozempic, sobre indícios de que
canetas de insulina foram readesivadas e reaproveitadas com rótulos do
medicamento. A suspeita era que os adesivos tenham sido retirados indevidamente
de canetas originais de um lote da medicação e utilizados em embalagens de
insulina vendidas.
A orientação da Anvisa é que a população e os profissionais
de saúde fiquem atentos às características da embalagem do Ozempic e adquiram
somente produtos dentro da caixa, em farmácias regularizadas junto à vigilância
sanitária, sempre com a emissão de nota fiscal.
A agência ainda orienta que não sejam comprados produtos de
sites e canais que vendem medicamentos usando nomes de marcas ou aplicativos de
vendas, além de perfis em redes sociais que oferecem os produtos.
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